sexta-feira, 19 de março de 2010

A Dama do Lago - Vivien ( Sacerdotisa Wicca Andrea di Eborense ) Yiami AKo


A Dama do Lago,é também conhecida pelos nomes: Nimue, Vivienne, Vivien, Viviana.
Nimue relaciona-se a Mnme, um diminutivo de Mnemosyne, uma das nove ninfas da água da mitologia greco-romana que concedeu armas ao heróico Perseu. Vivienne, deriva-se provavelmente de "Co-Vianna-Vianna", uma Deusa da água muito difundida, denominada de Coventina.
Independente de seu nome, é uma das mais misteriosas e inexplicadas damas feéricas que aparecem nas lendas artúricas.

DAMA DO LAGO, A MÃE DIVINA DE LANCELOT

Em "Lancelot" (em prosa) do século XV, a Dama do Lago é uma maga, como é Morgan Le Fay (Morgana) em Malory e o lago é uma ilusão, conforme relato:
"O rei Ban de Bénoïc, em guerra contra o seu vizinho Claudas de la Landa, foge em segredo de sua fortaleza de Treb para ir pedir ajuda para o rei Arthur. Leva consigo sua esposa e seu filho ainda bebê. Chegando ao bosque de Brocelianda, sobe em um cerro e, ao longe, vê arder sua fortaleza, e morre de dor. A rainha, completamente transtornada, deixa seu filho ao pé de uma árvore e, ao regressar, vê uma linda mulher se apoderar da criança e desaparece com ele nas profundezas do lago. Essa mulher misteriosa é Viviana." (A Infância de Lancelot, "Lancelot em prosa")
O lago portanto, não passava de um encantamento que Merlim havia feito para ela, um pouco antes. No lugar onde a água parecia mais profunda, havia belas e ricas mansões. Nesse país maravilhoso, foi onde cresceu Lancelot.
Nesse relato (acima), Viviana é uma Dama do Lago entre tantas outras que aparecem nas lendas celtas e desempenha o papel de Mãe de Lancelot. Sabe-se que é bem comum o tema folclórico da fada raptora de crianças. Viviana atua também como verdadeira Deusa, pois sabe que o menino está destinado para grandes façanhas, sabe que um dia irá ao castelo do Graal e que será pai de Glaad. A missão que cumpre ao raptá-lo da mãe é uma missão divina. Ela é a Mãe Divina, a que dará a Lancelot do Lago uma espécie de segundo nascimento, o nascimento de uma "criança divina".

Jesse Weston, em "The Legend of Sir Lancelot du Lac", indica que o germe original da lenda de Lancelot é a história da captura de uma criança régia por uma fada aquática, pois, em "Lanzelet", Lancelot não é amante da esposa do rei Arthur.

-"Olhe!", diz Merlim, "lá está a espada da qual falei."
O rei e o mago remam até o local e Athur se apossa da espada e a acariciou.
-"Qual lhe agrada mais", disse Merlim, "a espada ou a bainha?"
-"A espada", disse Arthur.
-"Você é um insensato', fala Merlim, "porque a bainha vale dez espadas, pois enquanto a tiver junto ao corpo nunca perderá sangue ou será gravemente ferido, por isso mantenha a bainha sempre com você".
Depois de receber essa espada da Dama do Lago, e tendo já entrado na posse da Távola Redonda por meio de seu casamento com Guinevere, Arthur se torna o governante de uma sociedade tão perfeita quanto possa ser imaginada. A espada mágica, Excalibur, garante-lhe a invencibilidade militar e a Távola Redonda lhe assegura a harmonia interna.
De todas as formas, o poder do rei Arthur procede de uma mulher, pois toda sua força e sua autoridade está simbolizada na espada Excalibur, que lhe foi concedida pela Dama do Lago. Essa explicação provêm das últimas cenas do "Lancelot em prosa" francês, onde vemos Arthur ferido de morte por Mordred (seu filho com Morgana) na batalha de Camlaan, pedindo a Girflet (Gilvaethwy, filho de Don) que lance a espada de volta ao lago, onde uma mão misteriosa a recolhe. Arthur estava submetido ao poder da Dama do Lago, última representante do antigo estado das coisas. É necessário que devolva a espada a Dama do Lago, para então tornar-se livre e poder partir.
Aproximasse do corpo desfalecido de Arthur uma embarcação na qual viajam várias damas vestidas de luto. Entre elas se encontram Nimue ou Viviana, a Dama do Lago. As damas vêm para conduzir o rei a um lugar encantado onde curarão suas feridas.

VIVIEN E MERLIM


Merlim, o Encantador, conselheiro do rei Arthur, chega a Bretanha, ao bosque de Brocelianda. Ali, junto a fonte (a fonte de Bareton) encontra uma donzela chamada Viviana. O pai de Viviana é um tal Dyonas, afilhado de Diana, a Deusa dos Bosques. Diana lhe havia outorgado um dom: sua primeira filha seria desejada pelo mais sábio dos homens, que acabaria apaixonado por ela e iria ensinar-lhe seu poder mágico. Merlim se enamora de Viviana, a qual, não quer aceitar seu amor, mas com a condição que lhe revele seus segredos, pouco a pouco tecia suas redes a Merlim, perfeitamente consciente de seu destino e que se conforma com ele. Um dia, Viviana pronuncia um encantamento sobre Merlim, que dorme, e desde então, Merlim se encontra em um castelo invisível, prisioneiro de Viviana, porém, completamente feliz em companhia da mulher que ama." (Estória de Merlim)
No relato acima, Viviana aparece como uma "Virgem" zelosa que exige um culto exclusivo e Merlim, aceita seu destino de ficar eternamente submetido à ela. Viviana não é prisioneira de Merlim, ela é completamente livre como toda "Virgem" deve ser. Merlim é que torna-se seu "escravo de amor", seu adorador. Viviana se situa no plano de Divindade exclusiva a cujo serviço se consagra o homem. Viviana é portanto, um dos rostos que toma a Deusa Mãe sempre "Virgem".
O QUE É SER "VIRGEM"?
Virgem é uma que procede do latim "Virgo", que quer dizer "mulher não casada", que em hipótese alguma se questiona sua castidade. Para uma mulher fisicamente pura, usa-se a expressão "virgo intacta". A raiz celta equivalente a "virgo" é "wraki", da qual encontramos derivados em bretão "gwreg", "esposa" e em galês "gwraig", "mulher".
A "Virgem" seria uma "mulher encerrada em si mesma", ou seja, uma mulher livre, sempre nova, sempre possível, um símbolo brilhante da renovação e da juventude e da liberdade sexual. Ela jamais será escrava do homem. Rechaça o matrimônio, porém não os amantes. Rechaça a escravidão, mas pode ter os homens como escravos. Não estamos longe do "Amor Cortês", esse amor cortês que vemos na história de Merlim e Viviana na versão afrancesada que apresentamos.
Para os celtas, portanto, a "Donzela" ou as "Virgens" podiam ser encontrada como guardiãs das fontes e até como as lindas donas de castelos de olhar lânguido, assim como as prisioneiras de senhores malvados. Todas essas Donzelas são incontestavelmente "virgens", no sentido mais amplo da palavra, ou seja, não estão no poder do marido, não estão debaixo da autoridade de um homem.Na tradição celta, como em todas as tradições mediterrâneas pré-cristãs, a "Virgindade" não é física, mas sim puramente moral e consiste na independência da "Mulher" frente ao homem